Delegada diz que morte de Beto Freitas no Carrefour não foi racismo
A delegada responsável pela investigação do homicídio de João Alberto Silveira Freitas, um homem de 40 anos que foi espancado e morto na última quinta-feira (19) por seguranças de uma rede de supermercados do grupo Carrefour em Porto Alegre, afirmou à Folha de S. Paulo que o caso não se trata de racismo.
Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Porto Alegre, ainda não detalhou a linha de investigação, mas o inquérito que apura a motivação das agressões segue em andamento.
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, lamentou o ocorrido, mas também disse que não enxerga que o episódio tenha sido provocado por racismo.
De acordo com a Polícia Civil, Freitas possuía antecedentes criminais por violência doméstica, lesão corporal e ameaça.
Declarações de autoridades
Com a repercussão do caso, diversas autoridades se pronunciaram sobre o assunto bem antes de existir qualquer posição oficial dos órgãos competentes.
Entre eles estão o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que lamentaram o caso e fizeram uma conexão da morte de João Alberto Silveira Freitas com o crime de racismo.
Por meio das redes sociais, Moro escreveu:
“20 de novembro,dia da Consciência Negra,e o destaque do noticiário é o espancamento e morte de João Alberto Silveira Freitas, em um supermercado. A violência racial não pode mais ser tolerada. Que os assassinos sejam punidos com rigor. Minha solidariedade aos familiares e amigos”.
Maia seguiu a mesma linha de raciocínio:
“Em nome da Câmara dos Deputados, envio meus sentimentos à família e aos amigos do João Alberto Silveira Freitas. A cultura do ódio e do racismo deve ser combatida na origem, e todo peso da lei deve ser usado para punir quem promove o ódio e o racismo”, disse o parlamentar.
Agora, com a recente declaração da delegada, a equipe do Conexão Política segue aguardando se Sergio Moro e Rodrigo Maia tomarão atitudes para remover as publicações ou se as mensagens seguirão veiculadas.
Até o fechamento desta matéria nenhum novo posicionamento havia sido feito. Caso ocorra, o espaço segue aberto para atualizações.
Atualização
Horas após a publicação, a Folha de S. Paulo alterou a manchete da reportagem, assim como também o conteúdo.
O título, que inicialmente dizia: “Delegada diz que morte de Beto Freitas no Carrefour não foi racismo”, foi alterado para “Polícia diz que apurará motivação racial em assassinato de Beto Freitas no Carrefour”.
O texto ao longo da matéria também foi modificado.
Roberta Bertoldo “afirmou à Folha que não era possível ainda definir se o crime teve motivação racista, mas que isso seria apurado”, diz trecho alterado.
Contudo, o texto anterior dizia que a delegada “afirmou à Folha que não se trata de racismo”.
Além disso, foi acrescentada também a declaração de Nádia Anflor, chefe da Polícia Civil.
“Segundo a chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor, embora seja impossível negar que o racismo estrutural exista, é precoce neste momento elucidar o caso, e afirmou que a motivação está sendo investigada”, diz outro trecho que foi inserido após a atualização.
Apesar disso, o texto não informa ao leitor que houve alterações na manchete, assim como também não diz que houve mudanças no corpo do textual.
Vale destacar que o link da publicação já estava sendo bastante divulgado nas redes sociais.
Diversos veículos de comunicação replicaram o conteúdo, dando destaque ao que teria sido dito por Roberta Bertoldo, conforme noticiou o jornal Folha de S. Paulo.
O Conexão Política entrou em contato com o jornal e questionou sobre as mudanças que ocorreram na reportagem. Se houver resposta, o espaço segue aberto para as possíveis justificativas.