Após ficar internada por depressão, jovem é expulsa da Universidade Yale nos EUA
A amazonense identificada como Hannah Neves, 23, foi expulsa da Universidade Yale, nos Estados Unidos, após passar duas semanas internada em fevereiro de 2019 por conta de uma overdose de aspirina durante um surto depressivo. Segundo a Folha de S. Paulo, o caso da jovem que cursava história é uma das peças-chaves de um processo judicial movido por estudantes contra a Yale alegando discriminação da instituição contra alunos que enfrentam problemas de saúde mental.
Ainda de acordo com a Folha de S. Paulo, Hannah esteve internada em um hospital na Costa Leste americana sem acesso ao celular. Durante a internação, a estudante chegou a receber a visita do reitor da faculdade residencial e outros dois funcionários da instituição.
Os profissionais teriam estimulado Hannah a desistir do curso por causa da depressão. O processo informa que os representantes da instituição teriam alegado que “ficaria ruim se ela ela fosse retirada involuntariamente”. Hannah afirmou que não queria desistir e finalizar o curso em 2022, data prevista.
A Folha de S. Paulo informou que a estudante recebeu um e-mail comunicando que ela tinha sido expulsa da instituição e tinha um prazo de 72 horas para que ela retirasse os pertences do dormitório onde morava, acompanhada de um policial do campus.
A situação foi ainda mais difícil porque a brasileira estava nos EUA com visto de estudante. Retirada do curso, teve apenas 15 dias para retornar ao Brasil. Ela voltou em 2019 ao Brasil em 2019 e durante o período em solo brasileiro tentou voltar no semestre seguinte para Yale, mas foi impedida. A universidade impôs uma espera de um ano.
Segundo o processo, a estudante voltou em 2021 para a universidade após apresentar um formulário de inscrição, três cartas de apoio, incluindo uma de um médico, entrevista com o presidente do Comitê de Reintegração e o Diretor de Saúde Mental e Aconselhamento. Além de um certificado em cursos presenciais em uma universidade credenciada de quatro anos, obtendo uma nota adequada.
Hannah Neves deve se graduar em Arte e História da Arte no semestre que vem.
Processo Judicial
Conforme a Folha de S. Paulo, a discriminação que os estudantes afirmam, manifesta-se na pressão exercida pela administração para que os alunos abandonem o curso no caso de terem dificuldades psicológicas.
Segundo a Diretora-executiva do Disability Rights Connecticut, Deborah Dorfman, uma das advogadas que representam os estudantes, Yale viola uma série de leis americanas —incluindo os estatutos sobre deficiências, reabilitação, habitação, proteção de pacientes e acesso ao tratamento.
O processo não pede compensação financeira. Os alunos insistem que Yale mude suas regras para acomodar pessoas com diferentes perfis.
“Implementar melhores práticas para apoiar os alunos com problemas mentais, deficiências de saúde e reduzir a probabilidade de futuras mortes por suicídio e temores em torno das políticas discriminatórias de Yale”, diz o documento.
Em uma nota encaminhada à Folha, a administração de Yale afirmou que suas regras estão de acordo com todas as leis e regulações. “Apesar disso, estamos trabalhando em mudanças adequadas ao bem-estar emocional e financeiro dos alunos”, diz o texto. “Os professores, funcionários e líderes de Yale se importam de maneira profunda com nossos alunos. Reconhecemos quão angustiante e quão difícil é para os estudantes […] quando eles enfrentam desafios de saúde mental.”
Fonte: D24am